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Gymshark: De Entregador de Pizza ao Bilionário Mais Jovem da Inglaterra

Como uma Marca de Roupas Fitness Cresceu de um Quarto de Estudante para um Império de £1 Bilhão

Ben Francis sempre foi uma criança inquieta, mergulhado em pensamentos e aspirações não tão comuns para alguém da sua idade.

Isso ficou ainda mais claro quando, na adolescência, criou um site para venda online de placas — o que acabou rendendo 800 euros — e também desenvolveu dois aplicativos para iPhone voltados para a área fitness (que acabaram não dando certo).

Mas uma coisa sempre foi certa: fitness era sua paixão.

Ben Francis no inicio da sua jornada fitness.

Isso sempre ficou na sua cabeça, mas os empreendimentos passados em tecnologia no setor não tinham dado certo, até que foi na faculdade que ele viu a primeira oportunidade.

Com 19 anos, ele era estudante da Aston University de manhã e, no período da noite, entregava pizza para o Pizza Hut com o intuito de ganhar uma grana extra e ter caixa de investimento para reentrar na indústria fitness.

Ele não tinha ideia do que criar, só sabia que precisava criar.

Foi assim que ele se deparou com o início de um movimento que iria virar uma febre mundial: o dropshipping.

Primeiro site da Gymshark era 100% voltado ao dropshipping. (2011)

Entendendo o modelo de negócio, ele comprou o domínio “gymshark.com” e fez uma integração em que buscava os 1.000 suplementos mais vendidos em outros marketplaces e aplicava automaticamente uma pequena margem em cima, inserindo assim os produtos no catalógo da sua loja online..

Quando um pedido ocorria em seu site, ele criava automaticamente o pedido na empresa original e apenas “casava” os endereços de entrega.

O clássico dropshipping — que, na época, era uma grande oportunidade de alavancar capital.

Demorou mais de 60 dias, mas finalmente veio o primeiro pedido no domínio — e o start da receita da empresa.

Com o tempo, vestuário também começou a ser comercializado pelo site, tendo uma demanda considerável.

Contudo, Ben percebeu um ponto importante:

  • A qualidade dos produtos era péssima.

Logo, aí ele identificou uma oportunidade de ouro: demanda existente e é latente, com concorrência incompetente. O dinheiro estava na mesa.

O que ele fez? Começou a costurar roupas com a ajuda da sua avó.

Ben na produção de suas primeiras peças.

Como um entusiasta do nicho, ele tinha milhares de horas e referências sobre o que era uma roupa desejada — e o que não era.

Sabia qual era o senso estético da comunidade e, também, o que deveria construir.

Assim, percebemos a essência da Gymshark:

Visão do consumidor no centro, senso de comunidade e muita tecnologia.

Com isso, em apenas 7 anos, eles atingiram um negócio de mais de R$ 500 milhões — e, logo depois, viraram unicórnio.

Como eles fizeram isso? Vou resumir as quatro principais estratégias:

#1 Com produto excelente, é necessário apenas a exposição certa

Feiras fitness foi por muito tempo uma grande alavanca para colocar o produto na rua e gerar desejo

Sendo uma empresa de bootstrapping, eles acreditavam muito no boca a boca.

E, numa marca de nicho (na época, o fitness era um nicho muito menor do que é hoje — antes da explosão), isso fazia muito sentido.

Só que eles souberam aproveitar uma nova onda logo no seu início:

  • O Influencer Marketing.

Logo no primeiro ano da marca, durante a confecção dos primeiros produtos, Ben enviou um kit para Lex Griffin, Matt Ogus e Chris Lavadograndes estrelas do meio na época.

Sem contrato, comissão ou nada correlacionado.

Contudo, os influenciadores avaliaram os produtos, que eram tão bons que passaram a usá-los no dia a dia e, além disso, começaram a divulgá-los organicamente em suas redes sociais.

Em uma época em que a concorrência no influencer marketing era quase nula, a penetração foi absurda.

Percebendo o “hack” do jogo, Ben e sua equipe construíram um dos programas de influenciadores mais robustos e bem-sucedidos de qualquer e-commerce.

Uma das centenas de ações de marketing de influência da GymShark

Inclusive, conseguiram verticalizar em diferentes públicos: mulheres, desafios de emagrecimento, esportes, etc.

#2 Comunidade, comunidade e comunidade

Exemplo de como o feed da Gymshark é viralizado

Acreditando que seu produto era a materialização do sentimento de lifestyle fitness que ele sempre sentiu, a Gymshark criou um verdadeiro hub de experiência e contato com seus consumidores e fãs.

Sua social media era repleta de conteúdos com as grandes personalidades do meio, mas, ainda assim, com histórias reais de clientes, dicas de treinos, vlogs de lifestyle, etc.

A pessoa vestia Gymshark, assistia Gymshark e falava de Gymshark.

Quanto maior o número de pontos de contato com seu público — e se esse contato for sempre minimamente relevante — mais atraído ele será pelo valor da marca e mais fidelizado ficará.

#3 Tecnologia não é o foguete, é a gasolina.

Dados que ilustram o expecional case da GymShark

A história de Ben começou na tecnologia — esse era seu DNA.

Com a criação do site de vendas de placas ou até mesmo na produção de dois apps de pouco sucesso, ele já sabia que o futuro dos negócios estava ali.

Contudo, não é necessário criar o “novo Facebook” para ser uma empresa tecnológica. 

O desenvolvimento tecnológico nos permite aprimorar o que já fazemos — e até revolucionar processos — para produzir mais, com mais qualidade, e assim impulsionar o progresso da sociedade.

Como Ben aplicou isso a uma marca de roupas? O ex-famoso data analytics.

Data analytics foi, por muito tempo, o que a inteligência artificial está sendo hoje.

Porém, como qualquer hype tecnológico, acabou sendo deixado de lado após “um novo lançamento”.

Mas quem realmente entendeu seu poder está revolucionando o próprio trabalho.

Dados de vendas online, consumo de conteúdo no YouTube, trends no Instagram, feedbacks de consumidores — tudo isso é armazenado e quantificado na Gymshark.

Com isso, são iteradas as duas principais alavancas de crescimento da marca:

  • Produção de novos produtos com a quase certeza do rumo que o segmento está tomando, mantendo-se sempre à frente dos concorrentes, com investimento e retorno em total equilíbrio.

  • Editorias de conteúdo nas redes sociais otimizadas ao longo do tempo, sempre entregando o que o usuário deseja ver — e, mais importante, da forma como ele deseja consumir;

#4 Portfólio é uma estratégia de curto, médio e longo prazo.

Em um dos segmentos mais desafiadores do universo da moda, a Gymshark se tornou uma referência.

Marca de moda é algo que existe há décadas, logo, não tem muito o que inovar, certo? Errado.

A Gymshark é um grande case de como as inovações nesse setor podem ser multifragmentadas.

Seja na escolha de um novo tipo de tecido, na descoberta de um novo modelo de corte ou na combinação disruptiva de elementos de design — há muito o que ser evoluído e descoberto.

Além disso, vestuário é uma categoria gigantesca. Eles expandiriam com a mesma qualidade para roupas de banho, trajes de inverno e acessórios.

Exemplo da divulgação por influencer de uma nova coleção de trajes de banhos

Com a qualidade dos produtos e a comunidade construída de forma sólida na mente das pessoas, as novas linhas já nascem validadas e, logo, vão aumentando seu market share com margens excelentes e alcançando novos públicos.

Gymshark é a combinação entre preparação, sorte, momento e muita competência.

Ben Francis nos dias atuais

Observando a história de Ben do começo até agora, percebemos que o sucesso estrondoso da Gymshark é resultado da combinação desses quatro fatores.

Sim, existe sorte na criação de um case como esse. E muita.

Por exemplo, se eles lançassem a marca hoje, em um mercado de influenciadores saturado (e superfaturado), com certeza não teriam um décimo da tração que tiveram.

Ao mesmo tempo, os canais de conteúdo — hoje em dia — existe uma oferta gigantesca de criadores e comunidades desse tipo. Então subir no algoritmo seria bem mais dificil.

Grande parte dessa concorrência usando a 'mesma estratégia' existe justamente por causa do sucesso deles — afinal, foram eles que criaram esse playbook.

Eles foram os primeiros a descobrirem essas verticais, apostaram tudo nelas, investindo muito tempo, dinheiro e uma quantidade absurda de talento.

O que podemos aprender aqui é que não importa tanto o resultado.

O foco é sempre o desenvolvimento seu e da sua empresa. 

Você precisa estar em constante movimento, porque precisa estar pronto para aproveitar o momento certo quando ele aparecer.

Além disso, você precisa descobrir a próxima oportunidade.

Ben acertou em sequência para onde o mercado online estava indo — mas tudo isso aconteceu porque ele continuava testando.

Isso você não vai aprender em cursos ou mentorias.

E quem descobrir isso, provavelmente não vai contar. Porque, quando contar, o momento já terá passado.

Então, a reflexão da semana é:

Qual ferramenta diferente de crescimento do seu negócio você está testando?

Boa semana a todos e até domingo que vem,